Na
manhã desta terça-feira (14) uma comissão formada por parlamentares da Câmara de
Vereadores de Caruaru, fez uma visita surpresa ao Hospital Regional do Agreste
(HRA) a pedido do conselho Gestor da unidade, com o objetivo de mostrá-los que as desculpas que dão as autoridades a respeito da superlotação, elas não correspondem com realidade vivida dia a dia por funcionários e pacientes.

Os parlamentares foram recepcionados pela gestora administrativo/financeira,
Adilza Bezerra e a presidente
do Conselho Gestor, Sílvia Viviane e os conselheiros Carlos Roberto, José Jerônimo,
José Valdiael e Paulo Sérgio. O diretor geral estava em reunião na capital. Também esteve presente o diretor do Sindicato dos Enfermeiros no Estado de Pernambuco (SEEPE),
Wagner de Lima Cordeiro. Apesar da visita não ter sido agendada previamente, os visitantes não sofreram
nenhum tipo de resistência por parte da gestão, pelo contrário, foram bem
acolhidos.
A visita começou pelo setor de emergência, onde os vereadores
se depararam com um cenário deplorável de pacientes pelos corredores aguardando
atendimento, muitos destes deitados em macas, outros sentados em cadeira de
rodas, mas o que mais chocou os parlamentares foi ver pessoas deitadas no chão, tento como colchão um pedaço de papelão e como travesseiro, em alguns casos, um pedaço de isopor.
Foi também constado o uso de salas improvisadas como
enfermarias sem nenhuma estrutura para acomodar pacientes. Uma das salas visitadas foi da
Telemedicina, que foi desativada para servir de enfermaria, nela não existe
banheiro, o paciente quando precisa fazer as necessidades fisiológicas ou fazer a higiene corporal ou simplesmente lavar as mãos, tem que fazer malabarismo, sem falar que estes doentes ficam internados em
macas aguardando vagas nas enfermarias, a mesma coisa acontece nas demais salas. A situação é de desrespeito à dignidade
humana.
Na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), que segundo a SES/PE,
possui 19 leitos, atualmente só funcionam 16, pois três estão desativados,
dois deles são isolamentos, mas um serve de dormitório dos profissionais de enfermagem e o
outro de depósito de equipamentos em desuso, o terceiro está desativado por
falta de um colchão.
Alguns pacientes denunciaram aos vereadores, que existem funcionários do hospital cobrando para agilizar cirurgias e outros procedimentos
médicos, os nomes foram citados pelos denunciantes, mas estes foram preservados pelos
parlamentares, pois o caso está sob investigação.
A representante da SES/PE, a enfermeira Mônica de Melo
Macedo Papaléo, que depois que iniciou a visita ela foi incluída ao comitê de
boas vindas aos parlamentares, foi questionada sobre a cobrança de propinas para facilitar acesso mais rápido a serviços, a
gestora ficou constrangida com a abordagem e afirmou que essa e outras demandas são do
conhecimento da secretaria e que tudo está sendo apurado.
Os
vereadores lamentaram a ausência do diretor, pois queriam ouvir o que ele tinha
a dizer do flagrante dado pela comissão de vereadores, pois
a justificativa de que a superlotação no HRA são situações pontuais, caiu por
terra, à realidade é diferente daqueles que defendem esse discurso.

Depois que vereadores circularam pelas enfermarias
do primeiro andar e UTI, eles resolveram retornar a emergência, mas os corredores já
haviam sido esvaziados pelo coordenador da emergência, que não se apresentou a
comissão de parlamentares, o tempo todo se manteve de longe. A maquiagem foi motivo de piada entre os próprios
vereadores que chamaram o autor da façanha de Mister M, pois ele fez os pacientes
desaparecerem num toque de mágica.
Em conversa por telefone, o
diretor geral do HRA disse ao vereador Gilberto de Dora, que a superlotação
realmente existe e que o problemas são das prefeituras que não assumem a gestão
da saúde, fazendo com que seus munícipes recorram a unidade que lhe garantam o atendimento e tratamento
e o hospital regional como é uma unidade de saúde de portas abertas, ele é obrigado
a receber todos que procuram seus serviços.
Comentários do Roberto Marinho
O interessante nessa nova versão
do José Bezerra, para justificar a superlotação, é que só agora, depois de anos, ele
reconhece que o problema é real, mas não assume que a culpa é da SES/PE, que
mantém um plano de saúde, que apesar da construção de várias UPAS e novos
hospitais, o caos só aumenta. O que adianta Caruaru ter uma unidade hospitalar
modelo como o Hospital Mestre Vitalino (HMV), se na verdade ele não atende a
demanda espontânea, só atende apenas alguns casos regulados pela Central de Regulação de Leitos do Estado e que a unidade top do interior pernambucano, atualmente opera com
apenas 30% de sua capacidade.
O Governo do Estado vai ter que
rever sua política de saúde, pois está comprovado que não basta só construir
UPAS e hospitais, pagando fortunas para empresas terceirizadas gerirem estes
elefantes brancos que não tem poder de "resolutividade". Os hospitais da
rede, geridos pelo Estado estão sucateados com o seu quadro de pessoal desmotivado e sem
esperança de dias melhores, pois a cada dia aumenta a ameaça de fechamento
destas instituições, que poderá jogar no esquecimento a história de anos de
trabalho de funcionários, como aconteceu com o Hospital São Sebastião, ainda hoje tem pessoas que se recordam dos bons quando a emergência era naquela unidade hospitalar.
Concurso público no Estado para
selecionar profissionais para atuar na saúde, só com exigência do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), o certame
é realizado, mas a convocação dos aprovados, é outro papo, pois a moda agora é contratar através de empenho,
desrespeitando os ditames da Constituição Federal.
O que o futuro ainda nos reserva aqui em Pernambuco?
Fonte: Ufalsindical
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