terça-feira, 14 de julho de 2015

HRA - Visita surpresa de vereadores de Caruaru constata que superlotação na unidade não é pontual, é real



Na manhã desta terça-feira (14) uma comissão formada por parlamentares da Câmara de Vereadores de Caruaru, fez uma visita surpresa ao Hospital Regional do Agreste (HRA) a pedido do conselho Gestor da unidade, com o objetivo de mostrá-los que as desculpas que dão as autoridades a respeito da superlotação, elas não correspondem com realidade vivida dia a dia por funcionários e pacientes.
A comissão formada pelos vereadores Duda do Vassoural, Gilberto de Dora, Rodrigo da CEACA e Rosemere da APODEC, puderam constatar o descaso e a situação de abandono que sofrem quem procura o atendimento no serviço.
Os parlamentares foram recepcionados pela gestora administrativo/financeira, Adilza Bezerra e a presidente do Conselho Gestor, Sílvia Viviane e os conselheiros Carlos Roberto, José Jerônimo, José Valdiael e Paulo Sérgio. O diretor geral estava em reunião na capital. Também esteve presente o  diretor do Sindicato dos Enfermeiros no Estado de Pernambuco (SEEPE), Wagner de Lima Cordeiro. Apesar da visita não ter sido agendada previamente, os visitantes não sofreram nenhum tipo de resistência por parte da gestão, pelo contrário, foram bem acolhidos.
A visita começou pelo setor de emergência, onde os vereadores se depararam com um cenário deplorável de pacientes pelos corredores aguardando atendimento, muitos destes deitados em macas, outros sentados em cadeira de rodas, mas o que mais chocou os parlamentares foi ver pessoas deitadas no chão, tento como colchão um pedaço de papelão e como travesseiro, em alguns casos, um pedaço de isopor.
Foi também constado o uso de salas improvisadas como enfermarias sem nenhuma estrutura para acomodar pacientes. Uma das salas visitadas foi da Telemedicina, que foi desativada para servir de enfermaria, nela não existe banheiro, o paciente quando precisa fazer as necessidades fisiológicas ou fazer a higiene corporal ou simplesmente lavar as mãos, tem que fazer malabarismo, sem falar que estes doentes ficam internados em macas aguardando vagas nas enfermarias, a mesma coisa acontece nas demais salas. A situação é de desrespeito à dignidade humana.
Na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), que segundo a SES/PE, possui 19 leitos, atualmente só funcionam 16, pois três estão desativados, dois deles são isolamentos, mas um serve de dormitório dos profissionais de enfermagem e o outro de depósito de equipamentos em desuso, o terceiro está desativado por falta de um colchão.
Alguns pacientes denunciaram aos vereadores, que existem funcionários do hospital cobrando para agilizar cirurgias e outros procedimentos médicos, os nomes foram citados pelos denunciantes, mas estes foram preservados pelos parlamentares, pois o caso está sob investigação.   
A representante da SES/PE, a enfermeira Mônica de Melo Macedo Papaléo, que depois que iniciou a visita ela foi incluída ao comitê de boas vindas aos parlamentares, foi questionada sobre a cobrança de propinas para facilitar acesso mais rápido a serviços, a gestora ficou constrangida com a abordagem e afirmou que essa e outras demandas são do conhecimento da secretaria e que tudo está sendo apurado.
Os vereadores lamentaram a ausência do diretor, pois queriam ouvir o que ele tinha a dizer do flagrante dado pela comissão de vereadores, pois a justificativa de que a superlotação no HRA são situações pontuais, caiu por terra, à realidade é diferente daqueles que defendem esse discurso.
O HRA possui 255 leitos (dados da SES/PE), alguns deles, como na UTI, estão desativados. A situação de superlotação é um problema antigo na unidade e não adianta a direção do HRA querer esconder de ninguém ou tentar maquiar essa realidade, principalmente quando se utiliza do espaço midiático, principalmente a TV para ocultar a verdade, isso irrita aos que minguaram meses esperando por uma cirurgia e em muitos casos nem chegou à acontecer, a longa espera já resultou em óbito. A irritação não só atinge os que não foram contemplados, mas os que ainda esperam na enfermarias para serem operados.
Depois que vereadores circularam pelas enfermarias do primeiro andar e UTI, eles resolveram retornar a emergência, mas os corredores já haviam sido esvaziados pelo coordenador da emergência, que não se apresentou a comissão de parlamentares, o tempo todo se manteve de longe. A maquiagem foi motivo de piada entre os próprios vereadores que chamaram o autor da façanha de Mister M, pois ele fez os pacientes desaparecerem num toque de mágica.
Em conversa por telefone, o diretor geral do HRA disse ao vereador Gilberto de Dora, que a superlotação realmente existe e que o problemas são das prefeituras que não assumem a gestão da saúde, fazendo com que seus munícipes recorram a unidade que lhe garantam o atendimento e tratamento e o hospital regional como é uma unidade de saúde de portas abertas, ele é obrigado a receber todos que procuram seus serviços. 
Comentários do Roberto Marinho
O interessante nessa nova versão do José Bezerra, para justificar a superlotação, é que só agora, depois de anos, ele reconhece que o problema é real, mas não assume que a culpa é da SES/PE, que mantém um plano de saúde, que apesar da construção de várias UPAS e novos hospitais, o caos só aumenta. O que adianta Caruaru ter uma unidade hospitalar modelo como o Hospital Mestre Vitalino (HMV), se na verdade ele não atende a demanda espontânea, só atende apenas alguns casos regulados pela Central de Regulação de Leitos do Estado e que a unidade top do interior pernambucano, atualmente opera com apenas 30% de sua capacidade.
O Governo do Estado vai ter que rever sua política de saúde, pois está comprovado que não basta só construir UPAS e hospitais, pagando fortunas para empresas terceirizadas gerirem estes elefantes brancos que não tem poder de "resolutividade". Os hospitais da rede, geridos pelo Estado estão sucateados com o seu quadro de pessoal desmotivado e sem esperança de dias melhores, pois a cada dia aumenta a ameaça de fechamento destas instituições, que poderá jogar no esquecimento a história de anos de trabalho de funcionários, como aconteceu com o Hospital São Sebastião, ainda hoje tem pessoas que se recordam dos bons quando a emergência era naquela unidade hospitalar.
Concurso público no Estado para selecionar profissionais para atuar na saúde, só com exigência do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), o certame é realizado, mas a convocação dos aprovados, é outro papo, pois a moda agora é contratar através de empenho, desrespeitando os ditames da Constituição Federal. 
O que o futuro ainda nos reserva aqui em Pernambuco?
Fonte: Ufalsindical

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