Na manhã da última terça-feira (28), foi
realizada no auditório do Hospital Regional do Agreste (HRA) uma reunião dos
funcionários e gestores com o titular da 4ª Promotoria de Justiça de Defesa
da Cidadania de Caruaru, o Dr. Paulo Augusto de Freitas Oliveira.
A reunião também contou a presença do Dr. Édipo Soares, Promotor de Justiça do
Ministério
Público de Pernambuco (MPPE) e coordenador do Centro de
Apoio Operacional das Promotorias de Proteção à Saúde Pública (CAOP), ele tem
acompanhado de perto os inúmeros problemas das unidades de saúde do Estado e o HRA é uma delas.
O
Conselho Regional de Enfermagem (COREN/PE), também esteve presente na reunião. Pois, como órgão fiscalizador da profissão, também está inserido diretamente na problemática
instalada na unidade, através da Comissão de Ética de
Enfermagem.
Logo
na abertura da reunião, o Dr. Paulo Augusto, fez duras críticas a postura dos
profissionais do HRA, em especial os médicos, que segundo ele, prioriza outros
serviços, ou seja, alguns médicos estando de plantão na emergência da citada unidade,
exercem ao mesmo tempo suas atividades nos seus consultórios e em hospitais
particulares do município, causando prejuízo ao erário estadual e comprometendo a assistência a saúde dos pacientes que necessitam do
acompanhamento desses profissional. A promotoria ainda informou que estes casos
estão sendo monitorados pelo MPPE e que já tem provas da prática ilícita.
Na
oportunidade, o Dr. Paulo Augusto, informou que havia conseguido na justiça a
proibição da contratação de profissionais pelo empenho, ou seja, contrato feito
sem o cumprimento das normas legais e que essa prática não ara exclusiva do HRA, mas de todo Estado e tem que acabar, pois defende o concurso como forma de ingresso
na carreira pública.
O
que surpreendeu a todos foi o discurso da Adilza Bezerra, Gestora
Administrativa Financeira e da Suiyn de Sá Leitão, Gestora de Suprimentos,
fato este que deixou o José Bezerra Bodocó, numa tremenda saia justa diante dos
representantes do MPPE. Elas reconheceram a ineficiência do sistema quando em
tom de desabafo, criticaram a gestão que fazem parte, alegando que tem
sobrecarga de serviço, pois o déficit de pessoal comprometendo o
desenvolvimento e a qualidade do serviço.
Para
os servidores presentes, a atitude das gestoras, apesar de reconhecerem as dificuldades, foi configurada como um tiro no próprio pé, pois um gestor nunca
deve confessar suas falhas, mesmo tendo convicção que elas existam, pelo
contrário, sempre deve mostrar o potencial da missão que lhe foi confiada,
sempre exaltando as atividades desenvolvidas sob sua responsabilidade.
Para
tentar amenizar a lambança cometida, a Gestora de Suprimentos, que não é do
quadro efetivo do Estado, passou o tempo todo interrompendo quem fazia uso da
palavra, ela sempre tinha algo a acrescentar as falas, mas sempre em defesa da
gestão que ela própria detonou.
A
reunião foi um pouco tensa, pois alguns profissionais, que na sua maioria, eram da enfermagem, estavam receosos de falar das dificuldades que
enfrentam no dia a dia, principalmente na relação com o gerente de enfermagem,
José Rogério, que para muitos é um carrasco.
Diante
dos olhares desprestigiados dos servidores, o técnico em Radiologia, Roberto Marinho,
pediu a palavra e disse que, apesar do diretor ter dito que sua gestão estava
de portas abertas para o diálogo, ele quase nunca estava disposto a resolver os
problemas e que o maior deles é a relação gestor/servidor. O técnico continuou:
“No ano de 2013, um grupo de enfermeiros
procurou a direção geral e pediram providências em relação a postura assediosa adotada pelo
gerente de enfermagem, na oportunidade, o José Bezerra se comprometeu em
tomar providências e afirmou que iria pedir para abrir uma sindicância, se passaram dois anos e nada foi feito, o problema foi aumentando, muitos casos foram
registrados e encaminhados ao Conselho Gestor, que automaticamente encaminhou
para a Comissão de Ética de Enfermagem da unidade, que também não fez nada, a
demanda foi protocolada no COREN/PE, que até hoje não se pronunciou sobre o
caso e por fim chegou até ao MPPE, que depois de uma longa espera dos
servidores, arquivou a representação por entender que os casos apresentados não
configuravam perseguição ou abuso de poder...”
A
representação do COREN/PE não falou nada, o promotor não se pronunciou sobre o
tema, apenas disse que aquele momento era de se discutir os problemas do hospital e
que ninguém estivesse intimidado em se pronunciar, se referindo a fala do Roberto
que havia dito que o povo estava calado com medo de sofrer represália
O
Marinho ainda afirmou que a categoria está desacreditada e não sabe mais a quem
recorrer, foi abandonada, as portas se fecharam, mas as agressões
morais continuam no HRA, pois a única certeza que se tem, é a impunidade dos
agressores.
A
retórica inflamada do servidor foi vista por alguns como uma total falta de
urbanidade para com o diretor, mas a grande maioria vibrou com cada palavra
dita pelo Marinho, que ainda citou o sucateamento do setor de raios-X e do descomprometimento
das instâncias que foram acionadas numa tentativa de se resolver o problema,
inclusive o próprio MPPE.
No
geral a reunião foi produtiva, mas para a maioria dos presente, foi perda de tempo, pois
os problemas vão continuar com ou sem o MPPE atuando, pois o descrédito é
generalizado, os servidores estão cansados, não têm mais esperança.
Fonte: A Hora da
Renovação