quarta-feira, 29 de abril de 2015

HRA - Em reunião com o MPPE, gestores reconhecem a ineficiência do serviço

Na manhã da última terça-feira (28), foi realizada no auditório do Hospital Regional do Agreste (HRA) uma reunião dos funcionários  e gestores com o titular da 4ª Promotoria de Justiça de Defesa da Cidadania de Caruaru, o Dr. Paulo Augusto de Freitas Oliveira.
A reunião também contou a presença do Dr. Édipo Soares, Promotor de Justiça do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Proteção à Saúde Pública (CAOP), ele tem acompanhado de perto os inúmeros problemas das unidades de saúde do Estado e o HRA é uma delas.
O Conselho Regional de Enfermagem (COREN/PE), também esteve presente na reunião. Pois, como órgão fiscalizador da profissão, também está inserido diretamente na problemática instalada na unidade, através da Comissão de Ética de Enfermagem.
Logo na abertura da reunião, o Dr. Paulo Augusto, fez duras críticas a postura dos profissionais do HRA, em especial os médicos, que segundo ele, prioriza outros serviços, ou seja, alguns médicos estando de plantão na emergência da citada unidade, exercem ao mesmo tempo suas atividades nos seus consultórios e em hospitais particulares do município, causando prejuízo ao erário estadual e comprometendo a assistência a saúde dos pacientes que necessitam do acompanhamento desses profissional. A promotoria ainda informou que estes casos estão sendo monitorados pelo MPPE e que já tem provas da prática ilícita.
Na oportunidade, o Dr. Paulo Augusto, informou que havia conseguido na justiça a proibição da contratação de profissionais pelo empenho, ou seja, contrato feito sem o cumprimento das normas legais e que essa prática não ara exclusiva do HRA, mas de todo Estado e tem que acabar, pois defende o concurso como forma de ingresso na carreira pública.
O que surpreendeu a todos foi o discurso da Adilza Bezerra, Gestora Administrativa Financeira e da Suiyn de Sá Leitão, Gestora de Suprimentos, fato este que deixou o José Bezerra Bodocó, numa tremenda saia justa diante dos representantes do MPPE. Elas reconheceram a ineficiência do sistema quando em tom de desabafo, criticaram a gestão que fazem parte, alegando que tem sobrecarga de serviço, pois o déficit de pessoal comprometendo o desenvolvimento e a qualidade do serviço.
Para os servidores presentes, a atitude das gestoras, apesar de reconhecerem as dificuldades, foi configurada como um tiro no próprio pé, pois um gestor nunca deve confessar suas falhas, mesmo tendo convicção que elas existam, pelo contrário, sempre deve mostrar o potencial da missão que lhe foi confiada, sempre exaltando as atividades desenvolvidas sob sua responsabilidade.   
Para tentar amenizar a lambança cometida, a Gestora de Suprimentos, que não é do quadro efetivo do Estado, passou o tempo todo interrompendo quem fazia uso da palavra, ela sempre tinha algo a acrescentar as falas, mas sempre em defesa da gestão que ela própria detonou.
A reunião foi um pouco tensa, pois alguns profissionais, que na sua maioria, eram da enfermagem, estavam receosos de falar das dificuldades que enfrentam no dia a dia, principalmente na relação com o gerente de enfermagem, José Rogério, que para muitos é um carrasco.
Diante dos olhares desprestigiados dos servidores, o técnico em Radiologia, Roberto Marinho, pediu a palavra e disse que, apesar do diretor ter dito que sua gestão estava de portas abertas para o diálogo, ele quase nunca estava disposto a resolver os problemas e que o maior deles é a relação gestor/servidor. O técnico continuou: “No ano de 2013, um grupo de enfermeiros procurou a direção geral e pediram providências em relação a postura assediosa adotada pelo gerente de enfermagem, na oportunidade, o José Bezerra se comprometeu em tomar providências e afirmou que iria pedir para abrir uma sindicância, se passaram dois anos e nada foi feito, o problema foi aumentando, muitos casos foram registrados e encaminhados ao Conselho Gestor, que automaticamente encaminhou para a Comissão de Ética de Enfermagem da unidade, que também não fez nada, a demanda foi protocolada no COREN/PE, que até hoje não se pronunciou sobre o caso e por fim chegou até ao MPPE, que depois de uma longa espera dos servidores, arquivou a representação por entender que os casos apresentados não configuravam perseguição ou abuso de poder...”
A representação do COREN/PE não falou nada, o promotor não se pronunciou sobre o tema, apenas disse que aquele momento era de se discutir os problemas do hospital e que ninguém estivesse intimidado em se pronunciar, se referindo a fala do Roberto que havia dito que o povo estava calado com medo de sofrer represália
O Marinho ainda afirmou que a categoria está desacreditada e não sabe mais a quem recorrer, foi abandonada, as portas se fecharam, mas as agressões morais continuam no HRA, pois a única certeza que se tem, é a impunidade dos agressores.
A retórica inflamada do servidor foi vista por alguns como uma total falta de urbanidade para com o diretor, mas a grande maioria vibrou com cada palavra dita pelo Marinho, que ainda citou o sucateamento do setor de raios-X e do descomprometimento das instâncias que foram acionadas numa tentativa de se resolver o problema, inclusive o próprio MPPE.
No geral a reunião foi produtiva, mas para a maioria dos presente, foi perda de tempo, pois os problemas vão continuar com ou sem o MPPE atuando, pois o descrédito é generalizado, os servidores estão cansados, não têm mais esperança.
Fonte: A Hora da Renovação

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