Um estudo do
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) apontou que a
CUT e os sindicatos brasileiros se transformaram no único exemplo de vitória no
campo laboral da América Latina em um cenário de desindustrialização e perda de
direitos.
"Talvez
tenha sido o único exemplo de resistência vitoriosa da classe trabalhadora a
escala global", diz o relatório O protesto social na América
Latina,
que faz uma análise das desigualdades e das lutas sociais no subcontinente. “A
Central Única dos Trabalhadores (CUT) e os sindicatos setoriais resistiram e
fortaleceram sua ação coletiva, combinando greves e protestos com negociações.
A unidade e a autonomia dos sindicatos e sua crescente vinculação com a
política nacional, através do Partido dos Trabalhadores (PT), alcançaram um
novo status de autonomia em um país onde a crise não provocou fortes processos
de desindustrialização”, diz o texto do Pnud, que pertence à Organização das
Nações Unidas (ONU).
O
relatório, divulgado ontem (16) em Nova York, analisou 54 jornais de 17 países
latino-americanos entre outubro de 2009 e setembro de 2010, para avaliar e
registrar a ocorrência dos conflitos sociais, retratados no estudo como
mobilizações de grupos sociais para reivindicar direitos. Na visão do Pnud, a
desigualdade continua sendo a principal causadora destes episódios, que ocorrem
com frequência única na América Latina se comparada a qualquer outra área do
planeta.
Ao
analisar a questão trabalhista, o estudo do Pnud traça um retrospecto desde a
década de 1980 até o momento atual, de economias afetadas pela crise global. Na
visão do programa das Nações Unidas, houve um primeiro momento comum, na
redemocratização do pós-ditaduras, em que as entidades de representação dos
trabalhadores passaram por instabilidades. Na década de 1990, com o avanço de
políticas neoliberais, foi necessário que os sindicatos passassem a uma atuação
defensiva na qual simplesmente se podia evitar a perda de direitos.
Ante
a crise econômica, que causou desemprego e enfraquecimento da indústria dos
países da América Latina, os trabalhadores organizados reivindicam a manutenção
dos postos de trabalho, dos salários e dos benefícios sociais. “Uma brutal
conseqüência foi a perda da centralidade política da classe trabalhadora
latino-americana, exceto no Brasil”, aponta.
Além
da luta dos trabalhadores, o estudo destaca que, no período analisado, também
houve conflitos para melhorar a qualidade de vida urbana e a descentralização
do poder e os conflitos por terra, nos quais os campesinos brasileiros, “apesar
de terem lutado de modo intenso por terra não tiveram o êxito nem o
posicionamento estratégico no sistema político que os trabalhadores
alcançaram”.
O
relatório compõe a segunda parte de uma coleção de cadernos do PNUD, para
tratar sobre Perspectiva Política analisando o processo de revalorização que a
política sofreu na América Latina na última década. A primeira parte, lançada
em 2007, debateu governabilidade e democracia.
Fonte: Rede
Brasil Atual
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