Após
recomendação do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) a Casa de Saúde Santa
Efigênia poderá voltar a realizar transplantes via Sistema Único de Saúde (SUS)
em Caruaru, Agreste de Pernambuco. A proposta foi divulgada após uma reunião
realizada na última segunda-feira (17). A assessoria de comunicação da unidade de
saúde disse que se pronunciará nesta terça-feira (18), em entrevista coletiva.
No
encontro com os diretores da unidade de saúde, além dos transplantes, também
foi discutida a necessidade de continuar o tratamento dos pacientes pós-transplantados.
De acordo com a nota enviada pelo MPPE, representantes do hospital devem
“manter contato com os pacientes que tiveram procedimentos suspensos – desde o
dia 11 de agosto – agendando-os para data mais próxima”.
O
promotor de Justiça, Paulo Augusto Oliveira, informou que o cancelamento do
serviço não poderia ter sido realizado da forma que foi feito. “Os diretores da
Casa de Saúde deveriam ter buscado a secretaria de Saúde para comunicar o
fechamento formalmente, por causa da existência dos contratos”, explicou.
Segundo ele, representantes da Santa Efigênia alegaram que os transplantes
deixaram de ser realizados devido às pendências de repasse de verbas por parte
do Governo do Estado
Uma
outra reunião foi marcada para a quinta-feira (20), no Ministério Público. O
objetivo é esclarecer as pendências apontadas pelo hospital e saber quais
providências serão tomadas pelo governo estadual.
Entenda
o caso
O
anúncio do cancelamento temporário dos transplantes de rins na Santa Efigênia
foi realizado na quinta-feira (13), pelo diretor médico da unidade de saúde
onde os pacientes eram submetidos ao procedimento. José Galvão informou que o
hospital não era credenciado ao Sistema Único de Saúde (SUS) para o tratamento
ambulatorial necessário a quem passa por este tipo de cirurgia. Cerca de 300
pacientes já foram transplantados na unidade, ainda segundo a direção. Um
protesto foi realizado em frente ao local.
A
Central de Transplantes de Pernambuco esclareceu ao G1 – em nota encaminhada
pela assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde do Estado (SES) – que “a
Casa de Saúde Santa Efigência, em Caruaru, é credenciada junto ao SUS para
realização de transplante de rim, além do oferecimento de toda linha de cuidado
com o paciente. Até o momento, a Central não foi comunicada oficialmente sobre
uma suspensão de serviços na unidade”.
Credenciamento
Em
entrevista ao Jornal das 7 – da Globo FM – o diretor médico José Galvão
adiantou que o serviço está interrompido já a partir desta quinta. “O
coordenador do setor de transplante de rins, José Abílio, está comunicando
oficialmente ao Ministério da Saúde e à Central de Transplante do estado a
suspensão temporária do serviço de transplante do Hospital Santa Efigênia”.
Sobre
o motivo, o médico José Galvão explicou: “Logo que nós compramos o hospital, há
mais ou menos seis meses, a condição financeira em que se encontrava o
transplante não estava bem. Para que o transplante funcione adequadamente é
preciso que o paciente tenha acompanhamento eterno. Qualquer tipo de intercorrência
que haja – independente de que seja um problema no rim, ele precisa do suporte
do hospital e este precisa estar pronto para ser admitido e tratado […] O
hospital é credenciado para transplante, mas para as complicações
pós-transplante, o hospital nunca teve um credenciamento”.
Galvão
disse ainda que cerca de 300 transplantes foram realizados, até então, na
unidade. “A nossa auditoria provou e a própria Central de Transplante do estado
confirma que há repasses do SUS que eram para serem feitos para o Santa
Efigênia, mas que não eram repassados porque o hospital não é credenciado para
esse tipo de tratamento […] O que a gente quer é buscar do SUS esse
credenciamento. Isso não acontece do dia para a noite, depende de vários
documentos que são entregues ao SUS, de licitações, de uma série de condições
burocráticas que existem nisso”.
Atendimento
ambulatorial
A
professora Josélia Roseno, de anos 61, afirma ter uma filha transplantada, de
43. A paciente passou pelo procedimento há cinco anos e era atendida mensalmente
no ambulatório da unidade de saúde. “Agora, ela e os demais pacientes de
Caruaru e região deverão ser atendidos provavelmente em Recife, mas nós não
sabemos ainda como será no próximo mês. Estamos aguardando que o hospital
comunique”.
A
Central de Transplante de Pernambuco esclareceu, ainda em nota, que “já está
entrando em contato com o local para analisar a situação […] reforça ainda que
nenhum paciente acompanhado na unidade ficará sem assistência e que, se
necessário, todos serão encaminhados para outros serviços transplantadores do
estado – Imip [e Hospital Português [no Recife]”.
Fonte: Jornal de Caruaru
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