O Dia Internacional da Mulher é comemorado oficialmente pela 34ª vez neste domingo, 8 de março, mas a homenagem já tem quase um século de vida.
Carroça dos bombeiros passa por via onde
ocorreu o incêndio que matou mais de 140
mulheres e crianças, em Nova York
(Foto: Wikipedia/Commons)
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Em 1911, quando as mulheres não tinham nem direito ao voto em praticamente todo o mundo, o dia delas começava a ganhar o planeta. A homenagem vem não apenas de um fato que aconteceu em um 8 de março de 1857, em Nova York.
Para se chegar a esta data foram precisos uma revolução, protestos violentos e que centenas de mulheres dessem a cara e o corpo para bater e até ser queimado.
Ainda no final do século XVIII, a escritora britânica Mary Wollstonecraft levantava a questão de como a mulher era tratada. Condições subumanas, carga horária pesada e salários bem mais baixo do que o dos homens já eram apontados para mostrar quanto elas eram consideradas de forma diferente -e, pior, como são até hoje.
“Por que as mulheres são comparadas a anjos, senão somente para deixá-las abaixo das mulheres? Elas só são anjos quando são jovens e bonitas, consequentemente, não é pela virtude que adquirem esta homenagem”, escreveu Mary Wollstonecraft, em "A reivindicação dos direitos das mulheres", em 1792.
Assim, menos de 70 anos após a Revolução Industrial, em 1857, trabalhadoras de uma fábrica têxtil, apelidadas então de ‘funcionárias das vestimentas’, protestaram por melhores condições de trabalho em Nova York e o que ganharam a curto prazo foi uma violenta resposta de policiais.
Mas aquela data não passou em branco dentro da história. Dois anos depois, também em 8 de março, mais mulheres fizeram uma força única e começaram a obter os primeiros direitos de trabalho por intermédio de uma associação. Fato este que impulsionou o direito das mulheres dezenas de anos depois.
Em 1908 (também em 8 de março), 15 mil mulheres se juntaram na cidade de Nova York e fizeram novo protesto reclamando por seus direitos e também protestando contra o trabalho infantil. Em maio do mesmo ano, o Partido Socialista da América estabeleceu que o último domingo de fevereiro seria o “Dia Nacional das Mulheres”, data mantida até 1913.
Clara Zetkin (à esq.), em imagem de 1910
(Foto: Wikipedia Commons)
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Em 1910, organizações socialistas se encontraram em Copenhague, na Dinamarca. Lideradas pela alemã Clara Zetkin, resolveram adotar uma data fixa para celebrar o dia delas no mundo todo. Ficou acertado que seria em 19 de março, e já no ano seguinte países como Dinamarca, Suíça, Alemanha e Áustria o adotaram.
Wm 1911, porém, é que acabou dando força ao movimento. Novamente em março, mas agora no dia 25, 141 trabalhadores dos 500 presentes na fábrica, entre mulheres, crianças e adolescentes italianos e judeus europeus, morreram em um incêndio na companhia Triangle Waist Company. A tragédia acabou sendo chamada de, em livre tradução, o ‘trágico incêndio no Triângulo’.
Após os relatos desesperados e as histórias das condições subumanas que eram implantadas na fábrica, a revolução começava a dar voz e direito às pessoas, principalmente para as mulheres.
Lideradas pela União das Moças Trabalhadoras do Vestuário e da Liga da União das Trabalhadoras, conseguiram os primeiros avanços. Entre eles, de obrigar que as empresas mantivessem abertas as portas de emergência. Antes, os empresários fechavam todas alegando que havia furto de produtos.
A data de 8 de março, porém, ganhou força na Rússia. Em 23 de fevereiro de 1917 pelo calendário Juliano, que coincidentemente caiu em 8 de março pelo calendário gregoriano, o czar russo Nicolau II foi obrigado a deixar o governo e garantir o direito ao voto das mulheres.
Somente em 1975, 64 anos depois da convenção socialista e 30 após a sua criação, as Nações Unidas resolveram adotar a data como oficial para celebrar o Dia Internacional da Mulher.
Fonte: G1
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