A
CUT e a CGT devem programar nos próximos dias manifestações em conjunto com
outras centrais sindicais para levar às ruas a chamada pauta trabalhista, além
de cobrar mais investimentos em áreas como saúde, educação e transporte. A
presidente Dilma Rousseff ouvirá as reivindicações nesta terça-feira (25) em um
encontro com sindicalistas no Palácio do Planalto.
Apesar
de apoiar a bandeira que deu origem à onda de protestos pelo País - a redução
das tarifas de ônibus -, os sindicalistas querem deixar claras suas diferenças
em relação aos manifestantes que tomaram as ruas nos últimos dias.
“Achamos
que é conservadora essa pauta do ‘sem partido, sem sindicato’”, disse Vagner
Freitas, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Consideramos que
é positivo a juventude despertar e se colocar como agente de seu próprio
futuro. Mas a quem interessa a não existência de entidades representativas da
sociedade?”
João
Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da Força Sindical, também destacou
a necessidade de se fazer um “contraponto” aos manifestantes que rejeitam a
participação de partidos nos protestos. “Não acreditamos em movimentos
espontâneos”, disse.
“Os
protestos começaram com uma pauta legítima, a necessidade de reduzir o custo do
transporte coletivo. A partir do momento em que os manifestantes começaram a
cercear a participação de integrantes de partidos e de organizações da
sociedade, aí virou perseguição ideológica”, avaliou Juruna.
HORIZONTALIDADE -
O Movimento Passe Livre (MPL), que convocou os protestos na capital paulista,
sempre destacou o caráter apartidário das manifestações, apesar de abrigar
militantes filiados ao PSOL, ao PSTU e até ao PT. O movimento também se define
como “horizontal” - nega ter líderes e diz se organizar de forma não
hierárquica.
Na
semana passada, após a redução das tarifas de ônibus e trens anunciada pelo
governador Geraldo Alckmin (PSDB) e pelo prefeito Fernando Haddad (PT),
petistas e integrantes de outros partidos foram hostilizados ao tentar
participar de passeata na Avenida Paulista, uma das vias mais famosas da região
central de São Paulo.
Além
de definir um calendário de mobilização, representantes da CUT, Força Sindical,
CTB, UGT e Nova Central vão discutir outras estratégias para pôr em evidência a
“pauta trabalhista” que já foi levada a Dilma em março deste ano. Na época, 25
mil manifestantes, segundo a Polícia Militar, desfilaram pela Esplanada dos
Ministérios para dar peso político à entrega de uma pauta de reivindicações aos
poderes Executivo e Legislativo.
Entre
os 12 itens reivindicados estavam a limitação da jornada de trabalho a 40 horas
semanais sem redução de salário, o fim do fator previdenciário e a correção da
tabela do Imposto de Renda pela inflação. Também estavam pedidos de maiores
investimentos na área social - pontos que ganharam relevância com a onda de
manifestações.
“Nós
apoiamos as manifestações por mais recursos para políticas públicas”, disse
ontem Vagner Freitas. “Queremos mais recursos para a saúde e para a educação”,
afirmou Juruna.
A
marcha feita em março foi a primeira no governo Dilma - a anterior havia sido
feita em 2012, último ano do segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.
Fonte: Agência Estado
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