Tarde
de quinta-feira no Centro do Recife. Avenidas Agamenon Magalhães e Conde da Boa
Vista paradas. Muito trânsito. Engarrafamento de gente. Mesmo tendo seu
primeiro grande protesto marcado uma semana depois do início das manifestações
de outras cidades do País, o Recife atendeu o chamado. Cerca de 50 mil pessoas
encheram as principais avenidas da cidade com seus gritos, cartazes e pedidos.
Antes
de chegar à Praça do Derby, local de concentração dos manifestantes, a Conde da
Boa Vista provocou um estranhamento aos que passavam. Um dos maiores pontos
comerciais e principal corredor de ônibus da cidade estava com as portas
fechadas, sem automóveis, sem barulho de motor ou buzina.
Enquanto
a maioria seguia em pequenos grupos de 10 a 15 pessoas pelo asfalto, outras
sentavam no batente das lojas. A avenida movimentada parou para servir de ponto
de encontro. Por volta das 15h já se formavam correntes maiores de gente, que
seguiam em direção à Praça do Derby entoando o Hino Nacional ou palavras de
ordem.
Sentado
no meio-feio, Antoniel de Luna, de 66 anos, assistia a jovens com caras pintadas
de verde e amarelo bradando "Patria? Brasil!". Viúvo, com seis filhos
e 14 netos, o aposentado foi só à manifestação para lembrar de outras tantas
que participou durante a Ditadura Militar. "Eu vim pela mesma razão que
todo mundo veio. Quero uma saúde melhor, uma educação melhor, igualdade",
justificou.
Pontualmente
às 16h os fogos anunciaram à multidão sem fim a saída da praça em direção ao
Marco Zero. Outros tantos permaneceram na concentração esperando amigos e
parentes para reforçar a massa. Foi o caso de um grupo que descansava sentado
no asfalto da Agamenon.
Todos
saíram da casa de Luísa Perman, 23, em Boa Viagem. "A gente tá por tudo.
Queremos mostrar que o povo não é apático, que a gente pode ir às ruas", a
bacharel em hotelaria. Os recifenses não só saíram, mas lotaram elas.
Fonte: NE 10
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