quarta-feira, 10 de julho de 2013

Defensores públicos contam com apoio da população em ato contra o veto, no Recife

A luta pela garantia dos direitos e a devida assistência jurídica aos menos favorecidos. Esta foi a bandeira levantada na manifestação realizada, na tarde desta terça-feira (09), pelos defensores públicos de Pernambuco. Com faixas e cartazes nas mãos, moradores de diversas comunidades da Região Metropolitana do Recife se uniram ao movimento, que ocorreu em frente ao Fórum Rodolfo Aureliano, no bairro da Joana Bezerra, no Recife. A iniciativa busca a derrubada do veto ao Projeto de Lei Complementar (PLP) 114, que prevê um percentual de repasse às Defensorias Públicas, com base na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) dos estados.
“Buscamos a garantia da integridade de cada cidadão, que encontra no nosso trabalho a orientação jurídica e o apoio necessário para a solução dos mais variados conflitos. É inadmissível esta proibição por parte da presidente Dilma, pois o que almejamos é a ampliação dos serviços oferecidos à população, aumentando a nossa contribuição a sociedade”, criticou a defensora pública Mirella Wanderley Nunes, à frente do movimento. O grupo de aproximadamente 100 pessoas percorreu as ruas que fazem o entorno do prédio, acompanhados por um carro de som. Com palavras de ordem e brados de “Defensoria Sim, Veto Não”, os populares protestaram e chamaram a atenção de quem trafegava pelo local. Alguns funcionários do fórum também resolveram descer e se unir a manifestação, que se estendeu até o final da tarde.
A medida integrante do projeto prevê o repasse de 2% do orçamento estadual para as DP’s, espalhadas por todas as regiões pernambucanas. Segundo o órgão, atualmente, o Ministério Público já detém 4% da destinação, enquanto que o poder judiciário recebe 6% da verba, com uma cifra que se aproxima da marca dos R$ 600 milhões. “Buscamos uma regulamentação nacional, já que precisamos da manutenção dos escritórios, pagamento dos alugueis e ainda as despesas com os profissionais. Sobreviver com 0,38% é impraticável. Uma vergonha”, afirmou a defensora Nátali Brandi. Segundo ela, um levantamento do Instituto de Pesquisa Aplicada (Ipea), apontou que 72% dos municípios brasileiros não possui um Defensor Público.
A dona de casa Eurides Dias Soares, 44, moradora da comunidade do Alto da Mina, em Olinda, contou que resolveu apoiar os defensores por considerar o trabalho desenvolvido por eles de extrema importância. “Meu marido foi preso injustamente e eu não teria condições de pagar um advogado. Foi um período muito difícil e a minha família sofreu muito. Apenas com o apoio dos defensores eu consegui ajuda e a solução para o meu caso”, afirmou.
Já a pensionista Lindinalva Teixeira, de 59 anos, que exibia uma bandeira do órgão, era uma das mais ativas no grupo. “Minha filha estava muito doente, precisou de uma UTI e nós só encontramos portas fechadas. Percorremos diversos hospitais e não encontramos nenhuma vaga. Apenas com a medida judicial, garantida pelos defensores, conseguimos salvar a sua vida. Eles precisam de mais apoio, muito mais”, destacou.
A análise do veto deve novamente entrar em pauta no Congresso Nacional, nesta quarta-feira (10). O ato integra uma rede nacional, que busca o apoio dos parlamentares para retomada da questão. “Atendemos a mais de 300 comunidades carentes do Estado. Enfraquecer a defensoria é um ato covarde, injusto e tornará mais difícil a vida da população”, concluiu Mirella.

Fonte: Folha/PE

Nenhum comentário:

Postar um comentário