Era
para ter sido um greve fraca como aconteceu nos últimos dois anos. Em 2011 e
2010 os rodoviários tentaram cruzar os braços, mas as garagens das empresas de
ônibus amanheciam repletas de candidatos ao emprego – mesmo ele sendo mal
remunerado, estressante e insalubre. As duas últimas paralisações dos
rodoviários na Região Metropolitana do Recife foram assim. No início da manhã
havia poucos ônibus, mas com o decorrer das horas a oferta de coletivos
tornava-se razoável. Mas este ano foi diferente. E a leitura para tal mudança
é política: a criação de um grupo de oposição a quase vitalícia direção
do sindicato dos motoristas, cobradores e fiscais de ônibus. É claro que o
Brasil vive um momento atípico, de reivindicação, com as pessoas sentindo-se
estimuladas a protestar e a exigir mais qualidade nos serviços públicos. Mas há
um fato novo na greve dos motoristas de ônibus de 2013 – cito o ano porque
sempre vivemos uma greve dos rodoviários ou a ameaça dela nos meses de
junho/julho, data máxima para o dissídio da categoria.
Há
anos os motoristas e cobradores reclamam do presidente do Sindicato dos
Rodoviários, Patrício Magalhães, que há mais de 30 anos está à frente da
entidade. Quem vive o setor de transporte conhece as reclamações contra o
líder, acusado de fazer conchavos com o setor empresarial e de não representar
a categoria porque parou de brigar por ela há muito tempo. Mas ninguém assumia
a liderança da oposição. Este ano isso mudou, com o surgimento da
Oposição Rodoviária, que conta com a experiência da Conlutas em manifestações
populares. Ou seja, a força da greve dos motoristas este ano está mesmo
na dissidência política. Sabemos do impacto que uma greve de ônibus provoca no
deslocamento e na segurança da população. Mas há muitos anos os rodoviários não
demonstravam força como categoria. Vamos torcer para que, com o tempo, essa
oposição não se torne situação e adquira os mesmos vícios daqueles que
atualmente tanto critica.
Fonte: JC Online
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