A cura do câncer acaba de ficar um pouco mais próxima, segundo o jornal
britânico “Independent”. E o responsável pelo grande avanço na área é um
pequeno laboratório em Oxfordshire, na Inglaterra.
Os pesquisadores do Immunocore há 20 anos trabalham para desenvolver uma
nova abordagem para o tratamento do câncer, baseada na imunoterapia, que usa o
próprio sistema imunológico do organismo para combater as células tumorais. E
parece que, finalmente, os esforços estão dando resultado. Nas últimas três
semanas, a empresa assinou contratos com dois dos maiores representantes da
indústria farmacêutica, o que pode levar a um financiamento de centenas de
milhões de libras para a pesquisa inédita da companhia britânica.
A Immunocore
conseguiu desenvolver uma maneira de aproveitar o poder das “células
assassinas” do sistema imunológico: as células T do sangue, projetadas para
procurar e matar patógenos invasores, tais como vírus e bactérias. Essas
células, porém, não são tão boas em encontrar e matar células cancerosas, mas
os executivos da indústria farmacêutica acreditam que o laboratório encontrou
uma maneira de contornar essa falha. Assim, os pacientes seriam capazes de
combater a doença com sua própria defesa imunológica.
- A imunoterapia é radicalmente diferente - diz Bent Jakobsen, diretor
científico da Immunocore, que começou a estudar as células T vinte anos atrás,
quando trabalhava no Laboratório de Pesquisa Médica do Conselho de Biologia
Molecular em Cambridge. - Ele não elimina os outros tratamentos de câncer, mas
acrescenta algo que tem uma característica única ao arsenal. E pode ter a
potência para realmente curar o câncer.
As empresas interessadas no estudo são nada menos do que a Genentech, na
Califórnia, parte do gigante grupo Roche, e a britânica GlaxoSmithKline. As
duas companhias já assinaram contratos de investimento na pesquisa que podem
chegar a meio bilhão de libras (mais de R$ 1,7 bilhão).
O câncer tem sido tratado com cirurgias, quimioterapia e radioterapia,
todas formas de aniquilar as céluas cancerosas. Porém, essas terapias esbarram
no mesmo problema: como popupar o tecido saudável dos danos e, ao mesmo tempo,
assegurar que todas as células cancerosas sejam mortas, desativadas ou
removidas?
A chave do sucesso da pesquisa da Immunocore é, portanto, a incrível
capacidade de distinguir as células cancerosas das saudáveis. A droga
desenvolvida pela companhia faz isso ao reconhecer pequenas proteínas ou
peptídeos que ficam do lado de fora da superfície da membrana das células
cancerosas.
- Há muitas companhias trabalhando com anticorpos, mas nós somos a única
empresa no mundo que conseguiu trabalhar com as células T - diz Jakobsen. - O
que o Immunocore fez foi construir uma terapia em torno do segundo braço do
sistema imunológico, conhecido como a imunidade celular, em que as células T
procuram e destroem os agentes invasores.
No entanto, o maior perigo ao se trabalhar com células T é a sua
potência, a mesma característica que as torna tão interessantes. Esse potencial
poderia levar, por exemplo, a uma cura do câncer em metástase, que já se
espalhou pelo corpo, segundo Jakobsen.
- Se você quer causar algum impacto no câncer, precisa de algo
incrivelmente potente. Mas quando algo dá errado, é muito ruim. Acho que a
verdade sobre os tratamentos de câncer é que não importa o quanto nós testamos,
às vezes, ele dá errado - observa o médico. - Todas as companhias farmacêuticas
já notaram que a imunoterapia pode ser a chave para a cura; é o elo perdido no
tratamento do câncer.
O diretor da Immunocore está otimista com relação ao desenvolvimento da
técnica da imunoterapia.
- Elas [as companhias farmacêuticas] têm visto essa tecnologia se
desenvolver. Ela já ultrapassou o cume da montanha. Com os nossos testes com
melanoma, eles já viram que é seguro e que está funcionando - afirma.
Fonte: O Globo
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